quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Nell


A vencedora de dois Oscares Jodie Foster presenteia-nos com uma forte, apaixonada e inesquecível representação como Nell - uma jovem mulher intocada pela sociedade moderna - nesta jornada cativante através da mente e do espírito, que nos atravessa até ao coração.

Juntamente com a sua mãe, Nell (Foster) leva uma vida rústica e selvagem nas selvagens Smoky Mountains. Mas quando a sua mãe morre e dois médicos citadinos (Liam Neeson e Natasha Richardson) se intrometem na sua pacifíca vida, Nell é repentinamente forçada e introduzida no mundo exterior - um lugar repleto de extraordinárias experiências novas, e de perigos inimagináveis.

Após a morte da mãe, Nell é encontrada pelo médico local, Jerry, que fica fascinado com a sua linguagem própria e comportamento e a quer ajudar. Enquanto Paula, uma estudante de psicologia, por sua vez, quer observá-la num laboratório. Mas o juiz encarregue do caso dá-lhes três meses para estudarem Nell na floresta, fim do qual irá decidir em relação ao seu futuro...


Realizador
. Michael Apted
Intérpretes
. Jodie Foster
. Liam Neeson
. Natasha Richardson
. Richard Libertini
. Nick Searcy
. Robin Mullins
CRÍTICAS

"A jovem actriz Jodie Foster pode vangloriar-se de figurar entre os mitos da sétima arte. Optou por construir um pequeno filme feito à medida exacta das suas possibilidades interpretativas sem que o espectador se dê conta de estar perante uma história dirigida à parte mais sensível dos membros da Academia.
Deixando o trabalho da direcção nas mãos do Britânico Michael Apted, Jodie Foster concentra todos os seus esforços num papel de absoluto protagonismo, em que uma jovem que permaneceu afastada do mundo real, numa solitária cabana da floresta, é descoberta pelo médico que vai certificar a morte da sua mãe. O filme mostra-nos um processo evolutivo em que a inocência e vulnerabilidade da sua protagonista contagia física e moralmente aqueles que vivem num mundo civilizado não sabem se estão perante uma vítima ou antes um ser previligiado e livre, no sentido mais amplo da palavra, de todas as amarras de um qualquer tipo de Educação. O mais interessante de tudo é o desenrolar fluído do argumento, durante o qual se torna difícil de encontrar um momento que seja aborrecido. "
Pepe Arias, Revista Interfilmes, Março de 1995





" Uma cova idílica enclausurada pelas montanhas azuis da Carolina do Norte serve de cenário a " Nell ", história foi pela primeira vez representada em palco na peça " Idioglossia "de Mark Handley. Jodie Foster, transcendente em bravura no papel principal, é de longe maior que o próprio filme. O seu desempenho ajuda a camuflar a fraqueza da estrutura narrativa e a ingenuidade dos seus temas. Existe também a arrebatadora cinematografia de Dante Spinotti, que preenche quaisquer lapsos, com manhãs cor-de-rosa na montanha e um lago prateado pela Lua.
Quando um médico local é enviado para ver um cadáver numa cabana da montanha, descobre Nell, uma jovem mulher que fala uma linguagem desconhecida. À noite, ela venera a beleza que a rodeia tomando banhos no lago. Nua, claro. De dia esconde-se no sítio onde é encontrada pelo Dr. Lovell. Quando se descobre a existência de Nell, a "mulher selvagem" torna-se objecto de rivalidade entre o Dr. Lovell e a Dra. Olsen, uma psicóloga de um Hospital de cidade que persegue a sua custódia.
Lovell desafia as pertensões do Hospital em tribunal, onde consegue um prazo de três meses para reunir a informação sobre Nell. Assim, monta a sua tenda perto da cabana de Nell e começa a ganhar a sua confiança. Enquanto tal, a Dra. Olsen chega para fazer as suas próprias observações. Juntos decifram a linguagem de Nell - que consiste em palavras como " eviduh ", " chickabay "- e reconstroem a sua trágica vida. A seu tempo, eles vão ter de decidir se Nell precisa ou não de ser hospitalizada. Obviamente que Nell é mais sã que qualquer um deles, que ela começa a ver como seus pais. E enquanto eles a estão a estudar, ela estuda-os num nível mais intuitivo. Uma curandeira no seu próprio estilo, Nell consegue aliviar a dor do médico e
da psicóloga. Os três juntam-se como uma família quando são obrigados a deixar o seu espaço
e voltar para a chamada civilização - uma pequena cidade povoada por parolos, e um hospital mental onde os pacientes não progrediram mais do que ser capazes de caçar borboletas com redes. O filme não consegue desvios ocasionais para o sentimentalismo. "
Rita Kempley, Washington Post, 25 de Dezembro de 1994

" Nell ( Jodie Foster ) é uma jovem que cresceu numa cabana das Montanhas com a sua mãe. Quando a mãe morre, a sua existência é descoberta. No principio a maioria das pessoas pensa que ela é mentalmente atrasada, mas logo descobrem que ela apenas fala a sua própria linguagem. Um médico local tenta ajudá-la a adaptar-se.
O filme faz-nos pensar acerca das conclusões que fazemos sobre pessoas que não compreendemos. Tendemos a pensar que todos aqueles que não entram nos nossos padrões de normalidade são mentalmente doentes. Este filme mostra-nos o que podemos descobrir se olharmos mais fundo essas questões. Jodie Foster faz um excelente trabalho, retratando a mulher da montanha. Demonsta mais uma vez que está entre as melhores actrizes do nosso tempo. Liam Neeson dá-nos também um desempenho poderoso. Este é um filme que todos devem ver. "
BKD, http:\\www.movietalk.com


" Esta história é sobre uma jovem mulher de nome Nell que têm uma distorção na fala que aprendeu com a sua mãe. A morte desta revela o mistério que rodeia a vida privada de Nell. Jerry tenta que Nell não seja retirada do seu ambiente por um departamento judicial que pensa que ela não é capaz de tomar conta de si própria. Jodie Foster é uma actriz espectacular que dá vida a este filme. Não acredito, sinceramente, que este filme fosse tão dramático sem Jodie Foster. A maneira como ela se transforma é absolutamente incrível. Recomendo este filme a todos aqueles que gostam de dramas ou a quem gosta de filmes de coração. "
Stephanie Savage, http:\\www.movietalk.com


" Educada por uma mãe inválida, privada de electicidade, água corrente e uma linguagem convencional, a jovem Nell é uma primitiva moderna, um indivíduo selvagem que nos leva a pensar se a civilização é realmente um bem. Representada por Jodie Foster num filme de Michael Apted, Nell é também o género de personagem que garante uma nomeação para os óscares.
" Nell" é um filme respeitável, representado com paixão e convicção, mas algo absurdo no modo como trata Nell, género de nobre selvagem que corta a sua própria lenha e comunica com os espíritos da Natureza. Depois da morte da sua mãe, o Dr. Lovell quer proteger Nell das crueldades da civilização, encontrando no entanto a resistência da Dra. Olsen, uma psicóloga que quer pôr Nell sob observação."
Edward Guthmann, San Francisco Chronicle, 14 de julho de 1995

“Vocês não olham nos olhos uns dos outros... E tem fome de sossego... "Estas são as palavras de Nell, traduzidas pelo Dr. Lovell, que nos levam para o nosso próprio senso de isolamento e solidão. Este é um filme que aquece o coração. Foi bastante criticado como sendo irreal na sua tentativa de retractar um rapariga eremita, perdida nas florestas da Carolina do Norte. Com todo o respeito para com esses críticos, este filme nunca tentou ser esse retrato. Quanto a isso, como disse Jodie Foster, "ele presenta uma natureza secreta que todos perdemos no nosso caminho. Nell é extraordinariamente vulnerável e inocente; não sabe que quando estamos a sofrer podemos não chorar e que devemos ter vergonha e tapar o nosso corpo. "
Jodie Foster representa o papel dessa jovem vulnerável com um grau de sofisticação que nos deixa enfeitiçados. Vele a pena ver este filme apenas por esta razão. Liam Neeson e Nastasha Richardson, que na vida real são casados, trazem o romance a este filme. E é aí, com o seu relacionamento, que o filme se aproxima da realidade. "
Rachel Marssals, The New York Times, 30 de Novembro de 1995


in http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/cinema/dossier/nell.pdf

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Menino selvagem




"Victor, l´enfant sauvage" é uma história verídica, que começa há sensivelmente duzentos anos, numa região de França chamada Aveyron, onde foi encontrado um miúdo selvagem, por uma mulher que andava a colher cogumelos. O rapaz viva na floresta, pois tinha sido abandonado em bebe pelos seus pais e não sabia falar nem ter comportamentos humanos por estar em constante contacto com os animais da selva. Quando se soube da sua existência, começaram as buscas para o encontrar. assim foi, os caçadores conseguíram capturá-lo. Victor foi levado para a civilização, mais propriamente, para um colégio de surdos mudos, mas como ele não falava, não conseguía comunicar com as outras crianças nem com os adultos que o interpelavam .Assim que o médico Itard soube da sua existência decidiu levá-lo para casa e ensinar-lhe como viver na civilização. E assim foi, todos os dias, ensinava-lhe palavras, cores, números, a pedir comida, a ajudar nas pequenas tarefas, a vestir-se e a distinguir o frio e o calor,uma vez que Victor não tinha essa percepção. Com o passar do tempo, o rapaz foi interiorizando e aprendendo o que lhe era ensinado. Um dia, Victor fugiu de casa para ver se conseguia voltar a viver na selva depois de tudo o que lhe fora ensinado. Acabou por regressar a casa de Itard, pois apercebeu-se que já não seria capaz de levar a vida da selva e que estaria disposto a abraçar a civilização. E assim viveu até ao fim dos seus dias, em casa de Itard a tratar do jardim e da casa, apesar de nunca ter vindo a aprender e a conseguir falar.

Cultura



«(…) As pessoas são tanto produtoras como produtos dos sistemas sociais. As estruturas sociais (…) não nascem de uma imaculada concepção; elas são criadas pela actividade humana. As estruturas sociais, por sua vez, impõem constrangimentos e providenciam recursos para o desenvolvimento pessoal e o funcionamento quotidiano. Mas nem os constrangimentos estruturais nem os recursos possibilitadores predeterminam o que os indivíduos se tornam e fazem nas situações dadas.» (A. Bandura)



segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Plasticidade do cérebro

Especialização e integração sistémica
O desenvolvimento da neurofisiologia e das neurociências modificaram algumas concepções que vigoraram durante décadas. A evolução de conhecimentos levou ao reconhecimento de novas funções e à redistribuição de outras já identificadas.
Foi possível concluir que as várias estruturas funcionam de um modo integrado, implicando-se umas às outras na concretização das diferentes funções. Assim o cérebro funciona como um todo.
Constatou-se, também, que uma função perdida devido a uma lesão pode ser recuperada por uma área vizinha - função vicariante. Isto deve-se à plasticidade do cérebro. Quero com isto dizer que a redundância das funções cerebrais explica o facto de outras regiões do cérebro poderem substituir as funções afectadas por lesões.

Quando é danificada uma zona do nosso cérebro, os neurónios dessa zona desaparecem, mas por causa da função vicariante que o cérebro possui, este consegue recuperar quase totalmente as áreas afectadas. Contudo esta função está complementada com a plasticidade do nosso cérebro. E é por causa destas duas capacidades cerebrais que os neurónios das áreas vizinhas podem substituir as funções dos neurónios dessas zonas afectadas pelas lesões cerebrais, resultantes de várias circunstâncias como o coma, os acidentes vasculares, os traumatismos cranianos, entre outros


Auto-organização permanente
No decurso das 42 semanas de gestação, o cérebro atinge 2/3 do tamanho em adulto. Os neurónios, formados a um ritmo impressionante, dividem-se, estabelecendo entre si milhões de ligações - corticalização (construção do córtex cerebral).
Apesar de o bebé ter todas as áreas corticais formadas, o seu desenvolvimento cerebral não está concluído. Nos primeiros seis meses de vida produzem-se mais modificações no córtex do que em qualquer outro período de desenvolvimento.
O cérebro é influenciado pelo meio intra-uterino e depois do nascimento pelo meio ambiente - estímulos assimilados conduzem a processos de adaptação que se reflectem na formação do cérebro. O processo de desenvolvimento de auto-organização continua a desempenhar um papel importante.


Estabilidade e mudanças nos circuitos sinápticos
O desenvolvimento do cérebro ocorre pelo crescimento em número dos neurónios e das sinapses, mas também, pela morte e eliminação dos mesmos, já que este é um processo de selecção em que se anulam as conexões que não são necessárias e se retêm as eficazes. Este processo está relacionado com o potencial genético da espécie e, em última análise, do próprio indivíduo. No entanto, na formação das redes neuronais também influenciam os factores epigenéticos.
O processo de moldagem mantém-se ao longo da vida, sempre que os neurónios se modificam quanto à forma e dimensão em resposta à estimulação ambiental.



Bibliografia:

MONTEIRO, Manuela Matos e FERREIRA, Pedro Tavares, Ser Humano, 1ªParte - Psicologia B 12ºaNo, Porto Editora.