segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Plasticidade do cérebro

Especialização e integração sistémica
O desenvolvimento da neurofisiologia e das neurociências modificaram algumas concepções que vigoraram durante décadas. A evolução de conhecimentos levou ao reconhecimento de novas funções e à redistribuição de outras já identificadas.
Foi possível concluir que as várias estruturas funcionam de um modo integrado, implicando-se umas às outras na concretização das diferentes funções. Assim o cérebro funciona como um todo.
Constatou-se, também, que uma função perdida devido a uma lesão pode ser recuperada por uma área vizinha - função vicariante. Isto deve-se à plasticidade do cérebro. Quero com isto dizer que a redundância das funções cerebrais explica o facto de outras regiões do cérebro poderem substituir as funções afectadas por lesões.

Quando é danificada uma zona do nosso cérebro, os neurónios dessa zona desaparecem, mas por causa da função vicariante que o cérebro possui, este consegue recuperar quase totalmente as áreas afectadas. Contudo esta função está complementada com a plasticidade do nosso cérebro. E é por causa destas duas capacidades cerebrais que os neurónios das áreas vizinhas podem substituir as funções dos neurónios dessas zonas afectadas pelas lesões cerebrais, resultantes de várias circunstâncias como o coma, os acidentes vasculares, os traumatismos cranianos, entre outros


Auto-organização permanente
No decurso das 42 semanas de gestação, o cérebro atinge 2/3 do tamanho em adulto. Os neurónios, formados a um ritmo impressionante, dividem-se, estabelecendo entre si milhões de ligações - corticalização (construção do córtex cerebral).
Apesar de o bebé ter todas as áreas corticais formadas, o seu desenvolvimento cerebral não está concluído. Nos primeiros seis meses de vida produzem-se mais modificações no córtex do que em qualquer outro período de desenvolvimento.
O cérebro é influenciado pelo meio intra-uterino e depois do nascimento pelo meio ambiente - estímulos assimilados conduzem a processos de adaptação que se reflectem na formação do cérebro. O processo de desenvolvimento de auto-organização continua a desempenhar um papel importante.


Estabilidade e mudanças nos circuitos sinápticos
O desenvolvimento do cérebro ocorre pelo crescimento em número dos neurónios e das sinapses, mas também, pela morte e eliminação dos mesmos, já que este é um processo de selecção em que se anulam as conexões que não são necessárias e se retêm as eficazes. Este processo está relacionado com o potencial genético da espécie e, em última análise, do próprio indivíduo. No entanto, na formação das redes neuronais também influenciam os factores epigenéticos.
O processo de moldagem mantém-se ao longo da vida, sempre que os neurónios se modificam quanto à forma e dimensão em resposta à estimulação ambiental.



Bibliografia:

MONTEIRO, Manuela Matos e FERREIRA, Pedro Tavares, Ser Humano, 1ªParte - Psicologia B 12ºaNo, Porto Editora.

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